DJ Destaque
DJ Destaque
Foto by: Jeferson Medrado
Como você entrou no mundo da música e se tornou um DJ?
- Sou filho de músico! Meu pai além de uma voz linda, era autodidata e multi instrumentista, além de compositor, então cresci em um ambiente musical e sempre optei em ouvir músicas ao ficar brincando na rua com outras crianças.
Quais são as principais diferenças ou desafios ao tocar para o público bear e afins em comparação com a outros públicos?
-Eu acho que cada público independente dele ser bear ou não tem suas particularidades! O produtor do evento antes de contratar os DJs, estudam cada caso independente do outro, por exemplo, se eu sou alguém que tenho uma aceitação pelo público bear, por me identificar como um e por eles terem me acolhido de uma forma tão gostosa, eu honro isso com todo amor que tenho no coração, porque se cheguei até aonde estou, foi pelo acolhimento da comunidade bear, mesmo sabendo que dentro dela como de outras bolhas sociais não só do mundo gay, mas da vida mesmo, existe segregação aonde precisávamos acolher e não excluir, me sinto acolhido por todos!
Foto by: Felipe Veiga
Como você escolhe as músicas e monta seu setlist para se adequar ao gosto do público ? Sabemos que a música e a pista de dança tem um forte papel na cultura LGBT. Como você se encaixa nesse contexto?
-É meio parecido com o que eu acabei de falar acima na outra resposta! Cada dj é de um determinado segmento e os produtores das festas já sabem se ele se adequa ou não ao seu público! Se ele tem aceitação pelo nincho que aquele produtor trabalha, ou não! Eu particularmente procuro entender a pista independente do que elas gostam! Vou dar um exemplo pra vocês! Existem ambientes em que o público por algum motivo está mais intimidado, então cabe ao termômetro energético chamado feeling que cada dj precisa desenvolver em sua jornada, para que ele se faça valer e te deixe levar pela energia que tornará a timidez em energia, em vontade de dançar e se divertir! Se você perguntar para mim se isso é fácil, eu respondo que NÃO é nada fácil! Se você não tiver uma certa sensibilidade para fazer tal coisa, muitas vezes dependendo da hora que você for tocar, pode levar tudo a perder!
Foto by: Jeferson Medrado
Como você cria uma atmosfera inclusiva e acolhedora em suas apresentações para garantir que todos se sintam confortáveis e seguros?
-Me entrego de corpo e alma! Ali eu não sou o Milton Filho , pessoa física! Sou o artista Miltexx que é parte da minha personalidade. E eu no meu lado artista vou sempre levar não só um som de qualidade , como também energia para quem está na pista e isso você pode perguntar para qualquer um que já viu eu me entregando! A entrega é tanta , que as vezes você recebe energias tanto positivas como negativas e tá tudo bem, porque estamos ali como missionários que tem como objetivo exorcizar todas as dores daquelas pessoas que foram ali para terem um momento de acolhimento por nós que fazemos a noite acontecer e a magia dela curar todas as dores!
Quais são algumas de suas experiências mais memoráveis e emocionantes tocando? Como você acha que a música e a cena noturna LGBT têm evoluído ao longo dos anos?
-Uma das experiências mais emocionantes que tive, foi quando toquei em uma festa que abria o festival de aniversário da The Week e ver minha foto no mesmo flyer que anunciava Offer Nissim, e outra foi a minha primeira apresentação internacional em Santiago no Chile que já fui mais de uma vez e guardo no coração!
Foto by: Felipe Veiga
Qual é a importância da representatividade LGBT na indústria da música e na cena noturna? Quais são os principais artistas LGBT que influenciaram seu estilo musical?
-Eu nem falo na indústria da música, mas falo como ser humano mesmo! Se eu tenho um número significativo de seguidores , aonde a maioria deles , pelo menos 85% são da comunidade, posso ser uma voz ativa de acolhimento na minha rede social e falar algumas coisas que possam fazer a diferença pra eles naquele dia! Eu tenho depressão , transtorno de ansiedade agudo e pânico e sei bem como é importante que nós tenhamos quem possa nos ouvir sem julgamentos e eu me disponho a está ali para isso!
Como você lida com a diversidade de gostos e estilos dentro da comunidade LGBT em suas apresentações? Quais são seus projetos e planos futuros como DJ que trabalha com o público gay?
-Eu sou dj de tribal house! Os contratantes já sabem disso, e como disse , eles e o público entendem que se o dj miltexx vai tá ali, teoricamente eles já sabem que ele não vai variar de sua vertente raiz! Quem mais faz isso, são os DJs de bailes e formaturas, mas eu não me enquadro nesse segmento!
Em sua opinião, qual é o papel da música e da vida noturna na promoção da aceitação e igualdade para a comunidade LGBT?
-O papel da música é de terapia e cura, mas as pessoas cada vez mais deixam a música de lado e usam de artifícios que causam dependência para que a música possa acionar o que naturalmente ela já acionária e isso me preocupa muito e também a casa que eu sou residente, então tentamos trazer uma sonoridade e um ambiente em que as pessoas se sintam acarinhadas e acolhidas , que elas tenham ali a certeza que estão no seu segundo lar e estão muito bem protegidas!
O que você diria para aqueles que estão interessados em entrar nesse universo dos DJs e trabalhar com a noite?
-Eu diria para quem quer entrar no mercado de Dj que não é luxo nem glamour! É estudo e muito trabalho! O show fica apresentado para vocês terem uma experiência gostosa daquele momento, mas existe uma competição que é na maioria das vezes pessoas tentando puxar tapete e com isso as oportunidades vem e vão, então tente ser o diferencial primeiramente não praticando o mau e sempre quando puder estenda a mão para quem precisar de você, pois isso é algo que nos renova e nos faz ter esperança de que dias novos sempre virão! Seja estudioso, ouça vários nãos e seja resiliente com cada um deles , com o sorriso no rosto e amor no coração , você vai chegar lá !